sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Mais uma Maré


Mais uma.
Sim , é verdade! Mais uma Maré. E já lá vão 26.
Mas também é verdade, que cada vez mais, me identifico menos, com esta Maré, que vi crescer.

Um mau Sinal!? Quer dizer que estou a ficar velho!? Possivelmente.

Mas será só isso?

Solicito que me acompanhem num mero exercício de raciocínio, na minha opinião, lógico.

Se recuarmos no tempo a Maré tinha um figurino diferente. Um único espaço, 3 grupos por noite.
Ali nos encontravamos e ficavamos a noite inteira. Naquele espaço ouviamos música conversavamos, discutiamos futebol, comentavamos as boas “calças de gangas” que por ali andavam e bebiamos uns copitos quando a musica interessava menos. A maré ( pasto) era um “meeting point” de Gerações e de amigos. A maré(evento musical) um ponto de encontro de músicos e culturas musicais.

Hoje a Maré é um festival, com dois polos de atracção , os dois Palcos, e uma mistura de DJ’s (músicos?) e músicos.

Todo o espaço da praia é uma passadeira que liga estes dois pontos onde a máquina “dinheiro” se instalou (promoção TMN, tascas, vendedores ambulantes, este ano sem ciganos, etc) digamos, a parte profana da festa.

Este novo figurino está assim desenhado para que o festivaleiro gaste mais dinheiro, porque ao circular por esta “via ápia de oportunidades”, é mais um cachorro ou mais uma caipirinha ou até uns óculos que piscam. Dinheiro este que não entra nos cofres da Maré, mas satisfaz outros interesses. Se ficassemos no pasto estes Euros ficavam no bar.

Em termos músicais a maré apostou em estilos, mais direcionados para um público alvo, os jovens entre 15 e 25 anos. Esta tendência que se tem vindo a afirmar como opção resulta num corte evidente com o passado e com a minha geração , os “cotas”.

Essa “Falta de Respeito”, para quem como eu, viveu todas as 26 Marés, provoca alguma tristeza, alguma mágoa. Imagino que para o MAX, ou para José Maria Bairos ou para outro qualquer “fundador” deva ser um pouco mais dificil.

Contudo, esta opção que a Direcção da Maré tomou tem lógica e se calhar até está correcta.
Vejam.
Ao apostar num público mais jovem está a fidelizar este público para os proximos anos.
Garantia de continuidade.

Quem vem à maré, volta! E quem volta traz mais alguém consigo. E este “ traz um amigo tambem” transforma-se numa moda.
Só assim assim se explica este crescente de pessoas, de ano para ano. Este aumento originará obiamente outros problemas, mas isto será para outro post.

Com este aumento de público e com a tendência dos politicos em apostar cada vez mais na juventude, a Maré ao fazer o mesmo, está a garantir também os respectivos apoios financeiros públicos e a tornar-se aptecível ao investimento privado.

Se quizermos até ser visionários, sabemos que os jovens de hoje serão os dirigentes do amanhã, e se eles identificarem com a maré, mais facil surgirão os apoios ;).
Por tudo isso acredito que a maré está bem e recomenda-se.

A Maré atingiu um estado de maturidade que mantendo sua irreverência, sabe muito bem o que quer , o que faz e para onde quer ir.

A Maré de Agosto está na Moda.

Parabéns João Pimentel e sua trupe.Parabens a todos.

Já agora em jeito de “discos pedidos”, para o ano no palco Castelo ou noutro mais pequeno que apareça, uma noite cá p’rós cotas do princípio ao fim dava um jeitão.