quarta-feira, 12 de junho de 2013

Recomeço...

Boas noites

A quem interessar.....

Vou retomar os meus escritos por aqui.

Serão pequenos desabafos, ideias, pensamentos.

Nesse meu recomeço vou simplesmente dar largas à imaginação.

abraços

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Certo como...

“No que diz respeito à TAP e à ANA, serão definidos de forma articulada os respectivos modelos de privatização, ponderando, no caso da ANA, a transferência dos aeroportos da Madeira e dos Açores para a respectiva tutela.”

Este Paragrafo inscrito no programa do XIX Governo Constitucional de Portugal entregue ontem à Srª. Presidente da Assembleia da República preocupa-me.

Preocupa-me porque se estes 4 aeroportos, todos eles deficitários, passarem para a tutela do Governo Regional, sem ser acompanhado de contrapartidas financeiras no Orçamento da Região (Lei das Finanças Regionais) vai ser o caos.

E Carlos César já alertou. Só um, dos 4 aeroportos, dá 6 milhões de € de prejuízo.

O conceito “serviço público” vai desaparecer para dar lugar ao “peso económico”, ao lucro ou pelo menos à redução da despesa.

Vai ser o fim dos Aeroportos pequenos.

Evidentemente, a Empresa Regional SATA Aeródromos, ficará a  gerir um ou dois aeroportos (PDL e TER), e 7 Aeródromos a funcionar “9 to 5” ou na melhor  das hipoteses alguns poderão ir até "8 to 8 ".

Se dúvidas ainda existissem de que o Aeroporto de Santa Maria se encontra em rota de colisão com o “fim”, penso que agora a imagem está cada vez mais nítida.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

And the “VOTO”’s goes to:


No próximo Domingo, dia 5 vou ter que votar.
Eu e todos os portugueses que como eu gostam de cumprir o seu dever cívico.
Considero-me um cidadão minimamente esclarecido. Faço questão de “tentar” manter-me informado pelos diferentes meios de comunicação social.
Assisti praticamente a quase todos os debates televisivos entre os líderes dos diferentes partidos.
Mas, ao contrário de muita gente que conheço, não voto por votar, e portanto não voto em partidos.
 Voto sim, em pessoas, projectos e ideias.
Só para esclarecer, já votei, PS, PSD, ou até mais à esquerda. Já votei Cavaco Silva; Maria de Lurdes Pintassilgo (pela qual fiz campanha), Mário Soares e Manuel Alegre.
Por exemplo lembro-me que votei César contra Mota Amaral porque acreditava (e bem) que o PSD da altura estava podre. No entanto ultimamente, tenho votado contra César, e por incrível que pareça, pela mesma razão.
Por cá, politicamente  nos últimos anos, fiz parte de dois projectos e sou apoiante do último, do PSD contra o PS. Isso, porque acredito que a alternância é um “bem” precioso. E que só com a alternância do poder é que as sociedades evoluem.
É por pensar assim que  fiquei demente, quando, sentado no meu sofá, vi na televisão, Berta Cabral, apresentar a lista do PSD candidata às legislativas “… é uma lista renovada!” Fiquei fulo. Estavam a tentar passar-me um atestado de estupidez e isso não admito a ninguém. Desde quando  Mota Amaral e Joaquim Ponte, dois dinossauros e “barões” do PSD regional, quase que me atreveria a dizer “chulos” do partido , são renovação? 

Então o PSD, um partido que se quer apresentar ao eleitorado regional como a alternativa ao PS de César, não tinha mais ninguém para lançar? Tinha que ser mesmo estes dois senhores?...Que mais valia podem trazer estas duas figuras?!.. Paramos no tempo?  Francamente.

Não consigo compreender…é que nem oposição fazem! César falou que o aeroporto de Santa Maria dava 6 milhões € de prejuízo.  Mota Amaral e Berta Cabral estando na ilha em campanha  não deveriam ter questionado estes números?? Nem que fosse para agradar aos marienses.  Mas, não!.  Nada disseram. Aceitaram isso como uma "verdade", que se calhar lhes interessa futuramente.
(E ainda tem o descaramento de vir fazer campanha e jantares a Santa Maria?...) Bem fiz eu que não fui.

Nomeado também para os “VOTO”'s está o PS com Ricardo Rodrigues e o professor Carlos Enes e… num honroso 10º lugar da lista Drª Dulce Resendes. Sócrates e César entenderam não alterar os candidatos. Compreende-se.
Este candidato Socialista confunde intencionalmente aeroporto de Santa Maria com  Navegação  Aérea. E então, sempre que há eleições faz a sua visita às instalações da NAV,  a lembrar,  diria mesmo  a cobrar, aos marienses a quem se deve “aquilo”. Então meninos, não se esqueçam, quem é que deu a NAV quem foi???.. . Foi o PS. Ah pois foi! O PS.
Imagino os arrepios e os problemas de segurança que devem causar aos seus Directores estas visitas?! É que ali existem equipamentos caros, e não simples gra…..!

Já o CDS de Paulo Portas  nomeou Artur Lima o eterno candidato.
 Artur Lima candidata-se a “tudo o que mexe”. Há uma eleição lá está Artur Lima.
 Outro nomeado é o Dr. José Cascalho um famoso desconhecido. Nem sei o que dizer. É o BE de Louçã no seu melhor.
Já a CDU também nomeada para os meus “VOTO”s de 2011 apresenta-se com José Decq Mota, o líder carismático da CDU Açores e na 3ª posição Daniel Gonçalves o “mariense” poeta. Confesso que já tinha saudades do Josézito e daquela voz rouca  inconfundível. É um defensor de causas e por isso um grande candidato.
Ah! Falta… Paulo Estêvão e o PPM de el Rei D:DUARTE.
Aqui estão aqueles que eu e todos nós Açoreanos, vamos ter que escolher para fazerem parte de uma Assembleia Legislativa que vai defender o meu País da TROIKA da Angela Merkel.
Por tudo isso peço ao Sr. Santo Cristo dos Milagres(de Stª maria e  S. Miguel), a Nossa Senhora de Fátima e a todos os Santos  (mesmo não sendo crente)…por favor....

…….TIREM-ME DESTE FILME……

sábado, 28 de maio de 2011

JÁ ESTÁ,...ATUNS

Mais um sonho realizado.
Tenho pautado a minha vida, por etapas, e por alcançar objectivos. Este conseguido agora, era um daqueles que já não sabia a idade.
Mas sempre que falávamos de pescas e de atuns lá vinha ele à baila.
Domingo de Pascoa, pelas 06 horas da manhã a embarcação Goreti Perinho, largava o Cais de Pesca de Vila do Porto, rumo ao… Atuns.
A bordo “o filho macho, mais novo, de meu pai”; EU.
Na ponte, Mestre Eduíno  e Jardel,  o irmão e olheiro do barco.
No poço, Bélé , Darinho, e Patacão, preparavam as amostras, os saltos  e as varas. A “tina” e “engodar” ficava a cargo do mais jovem pescador da família Perinho, o César.
O mar "direito como uma estrada". O barulho do motor entoava aquele cântico monótono que ao  longo de uma manhã provoca sono. Só alterado de tempos a tempo quando Jardel pelos binóculos  avistava a passarada e mestre Eduíno lá dava aquela “acelaradela” até às 3000 rotações. O gasóleo tá caro!
Toninhas!  Golfinhos aos montes! Meia dúzia de palavras pouco abonatórias para as coitadas e lá voltava o Goreti Perinho ao ronronar da meia marcha.
Com o sol a bater na cara e a aquecer os oleados e o  mar tão calmo que nem o barco adornava, reinava uma tranquilidade e uma paz que parecia um barco fantasma deslizando na água. "Hora morta de peixe hora viva de sono".
Foi assim toda a manhã.
Já vínhamos rumo ao cais, quando Bélé que trazia a linha na mão gritou: Pára! Pára! Páaara!!
  Em três tempos e antes que  se consiga ler esta palavra correctamente ”anticonstanticionalissimamente”  já estavam na água, dois saltos a chuva ligada e o primeiro grande Atum e entrar dentro do barco.
Só tive tempo de tirar duas fotos.
 
Os  berros de “são grandes !;... é peixe grado!...; dá iscas!…; ajuda aqui!..., mais um pucheiro!...;comeu ali!... iih grande lombo!...;  Cuidado!..transmitiam  a enorme carga de adrenalina que corria nas veias de todos,  ao mesmo tempo que alertava para o perigo. 
É peixe grado. Cuidado!.
O mar “abria-se” sempre que  aqueles enormes dorsos pretos rompiam à superfície para comerem os chicharritos que o César atirava ao mar.  Metia respeito!. Cada vez que um peixe pegava na isca era uma luta desigual entre a força bruta da natureza e a força da união de 3 ou 4 homens. . E eu lá. Bem no meio da “Guerra”.
Fiz o que pude para estar à altura e gozar ao máximo a oportunidade. Era como os jogadores de futebol que querem agarrar a titularidade .
Tive o prazer de sentir o trancar de um peixe daqueles no salto: (o maior de todos eheh evidentemente ou não fosse eu pescador). Parece que o impacte "arranca" os braços do tronco. Sente-se a força nos músculos dos ombros. E o peixe, diziam eles, até estava a pegar mansinho! Não era aquele peixe bruto.

 Ficou registado na minha mente para memórias futuras,  os "nervos" para meter o pucheiro num monstro daqueles?!... O arrastar 100kg borda acima?... O Sangue nas mãos, na cara, na roupa...;  O prazer de ver um bicho daqueles, "vivinho da silva" passar por cima da gente para ficar dentro do barco!... A tensão com que se "vive"  cada passo,  cada momento; ...O trabalho de equipe...

Foi fabuloso. Valeu mesmo.
Outras peripécias se passaram, como a de virem roubar o nosso peixe da borda”. A guerra de palavras de barco para barco. A matreirice de proteger o peixe que está  comendo dando sempre o outro bordo. Enfim coisas que só os anos podem ensinar; e que só lá estando e vivendo aquilo dia a dia se pode aprender e/ou até compreender.
Neste dia tive tudo. Apanhei um peixe à linha de mão, estive no salto, na vara e no pucheiro.
Agora percebo, como aquela "pesca" magoe tanta gente. É mesmo fácil. Basta uma pequena distracção ou uma pequena falha para as coisas acontecerem. A linha de separação entre a segurança e o perigo é muito ténue. Está ali tal qual o fósforo para acendalha.
Mas mesmo assim...!  Foi fantástico. E... Quero voltar!  Aliás, Vou voltar!.
Obrigado ao Mestre Eduíno e sua Companha.
 Votos de boas Pescas.
(Depois desta, só  a pesca do caranguejo no mar de Bering.)







Quem é o actor de Barreta vermelha???? Quem é ????



sábado, 7 de maio de 2011

Uma e a Outra

Era uma vez duas irmãs, a Uma e a Outra. Filhas do mesmo pai, mas de mães diferentes.

Moram na mesma baía. São vizinhas de porta. Mesmo em frente uma da outra.

Ambas receberam do pai os financiamentos para a sua formação e foram educadas com os mesmos princípios. Servir o bem público.

A Uma é corpulenta e forte. A Outra é mais fraca, mais frágil, é mais …“menina”.

A Uma, a mais velha, cresceu com a mentalidade da mãe, “… o Governo que pague” e está sempre a exigir do pai, ajuda e atenção.

A Outra, por influência da mãe, acredita noutros valores. Para a ela a economia de mercado, e os princípios economicistas do tipo “utilizador/pagador”, são a base de uma sociedade mais justa. Contudo perdeu-se no fundamentalismo do lucro a todo custo, do lucro fácil.

Segundo a Uma, a irmã a Outra, é menina fina! Claro!... reside na zona nobre da Baía e só serve os Senhores Doutores, os Senhores do Dinheiro, os Ricos. Mas mal sabe ela é que estes “senhores”, a maioria, são aqueles que vivem dos seus ordenados e do seu trabalho. Não são todos “controladores”, e  só têm em comum, não poderem fugir ao fisco!

Já a Uma, para a Outra, é uma fingida! Uma traiçoeira. Está sempre a lamentar-se e a chorar nos braços da mãe para que esta lhe ajude e interceda junto do pai. Só quer mamar!. E quanto mais mama mais quer. Se for preciso ir para a rua gritar, vai, não tem vergonha.
Aliás, a Outra costuma dizer que a Irmã,  a Uma, "não quer  é nada no castanho”. Trabalhar que é bom não é para ela. Basta só ver as vezes que  levanta ou baixa um barco. Se não fosse a “chatinha” do Marinho Maçaroco, contava-se nos dedos de uma mão os dias de trabalho.

Mas o que irrita mesmo a Outra, é que a Uma quando quer mesmo alguma coisa consegue.

Vai a S. Miguel , com "pézinhos de lã", pela calada, senta-se no colo do pai e como aquele “arzinho” de infeliz, de “pobrezinha”, de “cabra mal enjeitada” convence toda a gente. Até parece que o Pai tem medo dela. Imaginem só que já conseguiu espaço para operar na rua da Outra. Vejam lá onde já vamos!

O que a Outra não sabe é que a Uma, também tem uma vida dura, mesmo com aqueles apoios todos, a vida não lhe é fácil. Do que tráz e faz, a maior parte é para dar de "comer" aos grandes "donos" do que dá  o mar.
Tal, como todos os que produzem neste país, a Uma está nas mãos de quem compra e vende.

Está subvertida a ordem das coisas. Quem ganha não é quem produz, mas sim quem comercializa.

Por isso quando vou ao cais, naqueles dias de mau tempo ou nas calmarias dos fins de tarde, consigo ouvir no ar os gritos em surdina, dum lado: - Paga que podes!; Ganhas bem!; És rica, o que são 93€ pra ti… , e do outro :- Fingida; Oportunista; Subsídio-dependente; Esta mama vai acabar, agora com a Troika…

O que as duas não sabem nem querem saber é que no fundo, quem paga tudo isso somos todos nós.

Por isso quando os recursos não abundam temos que os gerir bem. Devemos isso aos nosso filhos.

E… duas gruas, e duas bombas de combustível, e duas áreas e dois chefes… e duas mais não sei o quê, e vedações, e portões e cancelas, e cartões...Ali é dinheiro mal gasto?! Disso não tenho dúvidas.
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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Portugal e a "Ajuda" internacional


Eis aqui um artigo publicado hoje dia 14 de Abril no jorna Expresso on-line, que define bem o poder do dinheiro e dos verdadeiros senhores do mundo sobre os valores da democracia, da igualdade, dos direitos humanos e da soberania dos povos.


"New York Times: "Portugal não precisava de ajuda"
Portugal foi vítima da "pressão injusta e arbitrária" dos mercados financeiros internacionais, que ameaça Espanha, Itália e Bélgica e outras democracias em todo o mundo, defende o sociólogo norte-americano Robert Fishman.

O  artigo no "New York Times" de hoje, intitulado "O Resgate Desnecessário de Portugal", Fishman diz que o pedido de ajuda português, depois do irlandês e do grego, "deve ser um aviso a democracias em todo o lado", porque "não é realmente sobre dívida".
"Portugal teve um forte desempenho económico nos anos 1990 e estava a gerir a sua recuperação da recessão global melhor que vários outros países na Europa, mas foi sujeito a uma pressão injusta e arbitrária dos negociadores de obrigações, especuladores e  agencias de 'rating'", afirma o professor de sociologia da Universidade de Notre-Dame.
Estes agentes dos mercados financeiros conseguiram, por "razões míopes ou ideológicas" levar à demissão de um governo democraticamente eleito e potencialmente "atar as mãos do que se lhe segue", adianta Fishman, autor de um livro sobre o euro.
"Se forem deixadas desreguladas, estas forças de mercado ameaçam eclipsar a capacidade dos governos democráticos - talvez mesmo dos Estados Unidos - para fazer as suas próprias escolhas sobre impostos e gastos", sublinha Fishman.Portugal não apresentava "crise genuína"
O sociólogo estabelece semelhanças entre Portugal e a Grécia e Irlanda, mas ressalva que enquanto estes dois países apresentavam "problemas económicos claros e identificáveis", Portugal "não tinha subjacente uma crise genuína" e foi sim "sujeito a ondas  sucessivas de ataques por negociadores de obrigações".
O contágio no mercado e os 'downgrades' de 'ratings' tornaram-se numa "profecia que se realiza a ela mesma", uma vez que as agências "forçaram o país a pedir ajuda elevando os seus custos de financiamento para níveis insustentáveis".
"Distorcendo as perceções de mercado da estabilidade de Portugal, as agências de 'rating' - cujo papel de favorecimento da crise do 'subprime' nos Estados Unidos foi amplamente documentado - minaram quer a sua recuperação económica, quer a liberdade  política".
Agora, Portugal enfrenta políticas de austeridade impopulares, que vão afetar empréstimos a estudantes, pensões de reforma, alívio da pobreza e salários da função pública."Ceticismo" em relação ao modelo económico
Fishman sugere que as descidas de 'rating' e pressão sobre a economia resultaram ou de "ceticismo ideológico em relação ao modelo de economia mista em Portugal", ou de "falta de perspetiva histórica" relativamente a um país onde o nível de vida subiu  rapidamente nos últimos 25 anos, tal como a produtividade, enquanto o desemprego desceu.

Embora o otimismo dos anos 1990 tenha resultado em "desequilíbrios económicos resultado de gastos excessivos", Fishman defende o desempenho recente do país pós, e mesmo que a queda do governo é "política normal" e "não incompetência, como alguns críticos  de Portugal têm retratado".

O sociólogo levanta também a questão de o BCE não ter comprado obrigações portuguesas de forma "agressiva" para afastar a última onda de "pânico" nos mercados, e a necessidade de regular as agências de 'rating' na Europa e Estados Unidos.
 "A revolução portuguesa de 1974 inaugurou uma onda de democratização que varreu o globo. É bem possível que 2011 marque o início duma onda de usurpação da democracia por mercados desregulados, com a Itália, Espanha e Bélgica como próximas vítimas potenciais", afirma."

Depois de tudo isso ficam as normais dúvidas se são válidas ou não as teorias de "um Big Brother"  e/ou aquelas tipicas de filmes de ficção " O Rei do mundo", ou "Os donos do Mundo"


quinta-feira, 31 de março de 2011

Vale a Pena Reflectir

Este foi um texto que me chegou por e-mail, numa daquelas correntes em que uns recebem e enviam para outros. Não fui eu que o escrevi e nem sei quem é o seu autor mas não tenho duvidas, que merece ser lido. Por isso o publíco aqui na integra tal qual o recebi e fazendo a minha singela homenagem ao seu autor e a tão sabias palavras.

" Com direito a reflexão.....

Pena que se tenha chegado tão tarde a esta conclusão, mas a geração dos que passaram "privações", quis dar aos seus filhos aquilo que não teve e que pensava ser o "melhor" para eles.....??? Um dia, isto tinha de acontecer. Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma! Certamente! Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos. Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos)vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor. Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada. Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes. Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca. Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música, bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado. Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuara pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquer coisa phones ou ypads, sempre de última geração. São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar! A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas. Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados. Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional. Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geraçãoque deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal adiferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam. Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras. Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir demontada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio. Há talento e cultura, capacidade e competência, solidariedade e inteligência nesta geração? Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida. E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecidae indevidamente?!!!Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles. A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta. Pode ser que nada/ninguém seja assim."