quinta-feira, 14 de abril de 2011

Portugal e a "Ajuda" internacional


Eis aqui um artigo publicado hoje dia 14 de Abril no jorna Expresso on-line, que define bem o poder do dinheiro e dos verdadeiros senhores do mundo sobre os valores da democracia, da igualdade, dos direitos humanos e da soberania dos povos.


"New York Times: "Portugal não precisava de ajuda"
Portugal foi vítima da "pressão injusta e arbitrária" dos mercados financeiros internacionais, que ameaça Espanha, Itália e Bélgica e outras democracias em todo o mundo, defende o sociólogo norte-americano Robert Fishman.

O  artigo no "New York Times" de hoje, intitulado "O Resgate Desnecessário de Portugal", Fishman diz que o pedido de ajuda português, depois do irlandês e do grego, "deve ser um aviso a democracias em todo o lado", porque "não é realmente sobre dívida".
"Portugal teve um forte desempenho económico nos anos 1990 e estava a gerir a sua recuperação da recessão global melhor que vários outros países na Europa, mas foi sujeito a uma pressão injusta e arbitrária dos negociadores de obrigações, especuladores e  agencias de 'rating'", afirma o professor de sociologia da Universidade de Notre-Dame.
Estes agentes dos mercados financeiros conseguiram, por "razões míopes ou ideológicas" levar à demissão de um governo democraticamente eleito e potencialmente "atar as mãos do que se lhe segue", adianta Fishman, autor de um livro sobre o euro.
"Se forem deixadas desreguladas, estas forças de mercado ameaçam eclipsar a capacidade dos governos democráticos - talvez mesmo dos Estados Unidos - para fazer as suas próprias escolhas sobre impostos e gastos", sublinha Fishman.Portugal não apresentava "crise genuína"
O sociólogo estabelece semelhanças entre Portugal e a Grécia e Irlanda, mas ressalva que enquanto estes dois países apresentavam "problemas económicos claros e identificáveis", Portugal "não tinha subjacente uma crise genuína" e foi sim "sujeito a ondas  sucessivas de ataques por negociadores de obrigações".
O contágio no mercado e os 'downgrades' de 'ratings' tornaram-se numa "profecia que se realiza a ela mesma", uma vez que as agências "forçaram o país a pedir ajuda elevando os seus custos de financiamento para níveis insustentáveis".
"Distorcendo as perceções de mercado da estabilidade de Portugal, as agências de 'rating' - cujo papel de favorecimento da crise do 'subprime' nos Estados Unidos foi amplamente documentado - minaram quer a sua recuperação económica, quer a liberdade  política".
Agora, Portugal enfrenta políticas de austeridade impopulares, que vão afetar empréstimos a estudantes, pensões de reforma, alívio da pobreza e salários da função pública."Ceticismo" em relação ao modelo económico
Fishman sugere que as descidas de 'rating' e pressão sobre a economia resultaram ou de "ceticismo ideológico em relação ao modelo de economia mista em Portugal", ou de "falta de perspetiva histórica" relativamente a um país onde o nível de vida subiu  rapidamente nos últimos 25 anos, tal como a produtividade, enquanto o desemprego desceu.

Embora o otimismo dos anos 1990 tenha resultado em "desequilíbrios económicos resultado de gastos excessivos", Fishman defende o desempenho recente do país pós, e mesmo que a queda do governo é "política normal" e "não incompetência, como alguns críticos  de Portugal têm retratado".

O sociólogo levanta também a questão de o BCE não ter comprado obrigações portuguesas de forma "agressiva" para afastar a última onda de "pânico" nos mercados, e a necessidade de regular as agências de 'rating' na Europa e Estados Unidos.
 "A revolução portuguesa de 1974 inaugurou uma onda de democratização que varreu o globo. É bem possível que 2011 marque o início duma onda de usurpação da democracia por mercados desregulados, com a Itália, Espanha e Bélgica como próximas vítimas potenciais", afirma."

Depois de tudo isso ficam as normais dúvidas se são válidas ou não as teorias de "um Big Brother"  e/ou aquelas tipicas de filmes de ficção " O Rei do mundo", ou "Os donos do Mundo"